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Uma Outra Visão

Dr. Fausto De Sanctis

 


Um dilema acomete milhares de pessoas e é até hoje despercebido. Um cenário pouco retratado ou, se retratado, não tem preocupado tanto: um problema de saúde mundial, que frequentemente não é diagnosticado, faltando, por vezes, a precisão técnica e a consciência da necessidade de um tratamento mais incisivo. Atinge mulheres e tem deixado rastros importantes, marcas profundas, quando não feridas, cuja reparação ou cicatrização parece não ter a plenitude necessária. Passos para lá e para cá. Braços largados, caídos ao lado do corpo. Desânimo. Difícil o resgate.

Se o fenômeno não é devidamente diagnosticado, e percebido, difícil é o seu adequado tratamento o que, em se tratando de saúde e com os recursos da medicina moderna, aparentemente não seria justificável. Tampouco aceitável qualquer iniciativa baseada na “tentativa”, ou mesmo no “erro”.

A falta de um diagnóstico preciso, angustia, entristece, baixa a estima. Aumenta noites mal dormidas, causa estresse, leva à obesidade, ao tabagismo, um círculo vicioso que agrava o cenário inquietante, quando não provoca outro mais tristemente preocupante.

A saúde é como o ar que respiramos. Sua ausência somente é valorada quando a perdemos, total ou parcialmente. Com o direito também é assim. A restauração de certos bens da vida (saúde, ar, direito) visa conferir a plenitude humana, o máximo da função vital. Socorremos-nos da “indenização” quando ela for possível e no tempo mais rápido possível para que danos outros não se instalem.

O foco sempre deve ser concretizar ativamente a vida digna e plena. Estar comprometido em ajudar quando preciso e permitir que se alcance a integridade, o retorno às atividades mais caras e da forma menos invasiva possível. Para tanto, dependemos de uma perfeita dimensão do problema e conscientização do caminho a ser seguido, fazendo com que nossos bens maiores - as integridades física e moral - possam ser positivamente valorados, tratados, graças à minimização ou a sensível redução de riscos, dado que são objetos essenciais.

Todo aquele que estimula, determina e se compadece com o olhar dos outros, nunca será por estes renunciados. É o resgate a salvo do egoísmo. Bem da vida necessariamente significa interesse vital do todo, não se restringindo ao reconhecimento do problema do outro. Uma atuação proativa em direção ao próximo, uma prevenção, quando não uma doação especial, que se traduza num conjunto de ações que levem de forma eficaz à satisfação de todos. Um desprendimento agregador. Um ato positivo que engrandece mais o doador que o donatário. É fórmula matemática: se perde lá, perde-se aqui. Mas, se ganha... Uma concorrência de atitudes e sentimentos, nos quais não se verifica qualquer subsidiariedade. Cuida-se de medida corretiva que redunda em ganho comum.

A finalidade, enfim, é recobrar a eficácia da pessoa humana, sua dignidade e, com ela, sua integralidade. E a dimensão do problema, seguida do perfeito diagnóstico e o consequente tratamento, implica uma resposta a situações que evitem uma certa indignação individual, uma insatisfação. Exclusão.

Mata-se o eu quando a insatisfação individual é reflexo do entorno intransigente e indiferente de modo que somente se pode falar em condutas socialmente adequadas se pautada no bem de todos.

A coexistência harmônica somente é possível se fruto do reconhecimento e da consagração de seus direitos legítimos, sem distinções e indiferenças, permitindo aos homens e mulheres a expressão plena e abrangente. Uma espécie de indispensável reserva moral e material que é garantida pela comunhão e no amor transcendente presente em nós.

Descubramos a endometriose. Solidarizemo-nos, abraçamo-nos e assumamos função essencial propulsiva.

Enfim, transpomo-nos!

 

Fausto De Sanctis


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