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Dr. Manuel Orlando

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A Importância do Exame de imagem

Dr. Manoel Orlando



Papel dos métodos de imagem na avaliação da endometriose

Apesar da endometriose ter sido descrita pela Medicina a partir do final do século XIX, até cerca de 10 anos atrás o único método que se conhecia para confirmar a doença era o cirúrgico, inicialmente a laparoscopia (cirurgia aberta convencional) e depois com a videolaparoscopia (cirurgia com pequenas incisões no abdome e uso de câmeras de alta resolução).

Na tentativa de fazer o diagnóstico não invasivo, inicialmente utilizou-se o ultrassom como único método diagnóstico, basicamente na avaliação do ovário, mas, não se deve esquecer que essa doença pode atingir vários órgãos do abdome (p. ex. intestino e bexiga) e até órgãos distantes, como o tórax. A partir de 1998 começaram a serem publicados trabalhos mostrando a eficácia do ultrassom realizado por via retal (transretal ou ecocolonoscopia) para o diagnóstico da endometriose intestinal. O nosso grupo também publicou em 2004 um artigo sobre este método demonstrando sua alta eficiência na avaliação da endometriose intestinal do reto e sigmóide (intestino grosso).

No entanto o ultrassom via retal, além do óbvio desconforto que pode causar, não é eficiente para o estudo de focos da doença que estejam longe do intestino, por isso, na mesma época também começaram a ser desenvolvidas novas técnicas com ressonância magnética.

A ressonância no inicio se mostrou extremamente eficiente na avaliação do ovário, mas as imagens ainda não eram suficientemente detalhadas para fazer o diagnóstico da endometriose em outros locais. Só a partir do século XXI a ressonância evolui de forma a permitir o diagnóstico da endometriose intestinal e atrás do útero (retrocervical).

A partir de 2002 começamos a desenvolver a técnica para detectar os focos de endometriose do intestino e dos outros órgãos através do ultrassom pélvico e transvaginal.

A partir dos trabalhos publicados pelo nosso grupo e por outros autores, principalmente franceses, em 2003 e 2007, começou a ficar claro que o método de primeira escolha, e em muitos casos o único necessário, para fazer o diagnóstico e localizar todos os focos principais de endometriose é o ultrassom pélvico e transvaginal com preparo intestinal, que deve ser realizado com um protocolo especifico e por um profissional especialmente treinado. Nos casos mais complexos realiza-se também ultrassom das vias urinárias (rins, bexiga e ureteres) e ressonância magnética, com protocolos específicos para endometriose.

Devido ao amplo desenvolvimento dos métodos de diagnóstico não invasivo, eles se tornaram indispensáveis na avaliação de todas as pacientes com suspeita clinica de endometriose para que se possa, associando o histórico da paciente e os dados obtidos com o toque vaginal, decidir qual o melhor caminho em cada caso. Nas pacientes que não necessitam de cirurgia pode-se através desses métodos fazer o controle evolutivo com segurança. Caso a conduta seja cirúrgica os métodos diagnósticos, principalmente ultrassom pélvico/transvaginal com preparo intestinal e ressonância magnética, ajudam a planejar qual a melhor técnica a ser utilizada e qual equipe deve ser montada para que, em um único procedimento, se possam retirar todos os focos desta doença que aflige cerca de seis milhões de brasileiras.


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