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Durante toda a minha adolescência, sofri muito com cólicas terríveis e muitas vezes fui parar no hospital com tanta dor. 

Além das cólicas, tinha muitas dores nas costas e fui há vários médicos pensando que era um problema na coluna.

Com 26 anos de idade, depois de passar por vários médicos, fui finalmente diagosticada com endometriose. Nunca tinha ouvido falar nesta doença e fiquei muito assustada. O médico me explicou um pouco sobre a doença e comecei a pesquisar em sites na internet. Muitos diziam da dificuldade de engravidar e o meu médico logo me explicou que a gravidez era  considerada um remédio pois equilibrava os hormônios no organismo e era um descanso para o organismo ficar sem menstruar. Nesta época, tive muito apoio do meu noivo e da minha família. E aos poucos fui sabendo de outras mulheres que também estavam na mesma situação.

Como não estava nos meus planos engravidar naquele momento, comecei um tratamento que me fez entrar na menopausa. Tomava uma injeção a cada mês que bloqueou a minha menstruação e realmente entrei na menopausa. Sentia muitas calores, acordava a noite muita vezes toda molhada de tanto suor e muita irritação. Todos ao meu lado tiveram que ter muita paciência.  Tomei estas injeções por 18 meses e me casei neste interim.  Após 18 meses, tive que parar as injeções pois era uma medicação muito forte e não poderia tomar por mais tempo.

Nesta época, eu já estava casada há 9 meses e o médico me disse que eu deveria demorar para engravidar e então ele me recomendou não usar nenhum método para evitar a gravidez e ver o que aconteceria.  Hoje posso dizer que um milagre aconteceu pois no mês seguinte eu estava grávida e foi a melhor coisa que aconteceu em nossas vidas. Hoje a minha filha esta com 9 anos e é a luz da nossa família.

Quando ela tinha 1 ano e meio, resolvemos começar a pensar em uma segunda gravidez. Desta vez, a coisa foi bem diferente pois demorei quase 3 anos para conseguir engravidar. A endometriose tinha melhorado muito na primeira gravidez, mas quando comecei a tentar a segunda, ela cresceu muito e chegou no intestino e no reto. Tive que começar um novo tratamento bloqueando os hormônios de novo para ver se a endometriose regredia pois não conseguiria engravidar naquele estágio. Depois de 6 meses de tratamento, a endometriose continuava muito grande e o médico me disse que as minhas chances de engravidar de novo seriam muito pequenas. Nossa, acho que nunca vou esquecer aquele dia. Fiquei muito chateada mas sempre pensava que Graças a Deus já tinha a minha filha com muita saude e que já era muito feliz com ela. Consultei um outro médico e me senti mais confortável com ele e comecei a fazer um novo tratamento.

Fiz 2 fertilizações que não deram resultado. Foram momentos muito angustiantes. Muita expectativa e decepções. Não me lembro quantas vezes me apliquei as injeções de hormônio. Foram muitas !!! Quando o médico me explicou que eu mesma deveria me aplicar as injeções, não podia acreditar. Sempre tive muito medo de injeções, mas tive que aprender. No primeiro dia, minha mão  tremia. Depois me aplicava com os olhos fechados. Tudo na vida é questão de aprendizagem. 
Após as 2 tentativas frustradas, resolvemos desistir. Já estávamos muito felizes com nossa filha. Perguntei para o médico se poderia tentar pelo menos mais uns meses sem nenhum tratamento e ele disse que poderia por mais uns 2-3 meses no máximo pois cada menstruação significava um risco grande pois aumentava a endometriose e eu tinha um risco de bloqueio do intestino. Dois meses depois estava grávida de novo e mais uma luz veio se juntar a nossa família.

Depois da segunda gravidez, logo coloquei um DIU com Mirena e estou ótima desde então. Não sinto mais dores e faço um controle a cada 3-4 meses para verificar o tamanho da endometriose. Meu segundo filho já esta com 5 anos e já estou no segundo DIU e esta tudo perfeito.

Nós temos que nos conscientizar que teremos que conviver com a endometriose pelo resto de nossas vidas, pois conheço muita gente que operou e ela acaba voltando. Eu mesmo já fiz uma laparoscopia e depois de uns anos ela voltou com força total.

Acho que é muito importante tentar levar uma vida mais tranquila. Mulheres com endometriose são normalmente mulheres muito perfeccionistas que estão sempre preocupadas com alguma coisa. Eu fiz análise por um ano antes de engravidar do meu segundo filho e acho que isto me ajudou muito a aprender a não esquentar tanto a cabeça com tudo. Também é muito importante realizar atividades físicas. Meu médico sempre me encorajou muito a correr. Ele diz que correr libera hormônios que são muito importantes para ajudar a endometriose. No começo pensei que nunca iria conseguir, mas hoje corro 5 km numa boa e me sinto muito bem. A alimentação também é muito importante. Evitar produtos com hormônios e agrotóxicos e tentar comer o mais saudável possível.

Ana Paula De Luca Almeida
São Paulo


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