Carta da Presidente
Sou portadora de Endometriose, mas prefiro dizer que fui, pois sempre tenho a esperança que ela não volte nunca mais.
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Nesses anos me deparei com um número enorme de mulheres precisando de ajuda, de orientação, de uma palavra e, é claro, de alguém que lhes dissesse com certeza e segurança o que era aquela dor horrível que sentiam, que explicassem por que sangravam sem estarem menstruadas, porque não conseguiam engravidar, porque sentiam dores tão fortes nas relações sexuais, porque os médicos não conseguiam saber o que elas tinham ao certo...
Na correria daquele ambulatório aprendi que é possível humanizar o atendimento público de massa quando se trabalha com amor, com respeito ao próximo, com informação e embasamento. As pacientes eram recebidas com hora marcada, faziam acompanhamento de rotina, recebiam seus medicamentos e eram atendidas e acompanhadas por médicos que conheciam verdadeiramente seus casos, suas histórias, particularidades e necessidades. Infelizmente, a demanda é muito grande. Cada vez mais se estuda a Endometriose e, conseqüentemente, mais diagnósticos, exames e cirurgias são feitas e maior é a dor da espera dessas mulheres. Decidí fundar o IAPE – Instituto de Apoio e Pesquisa à Endometriose por acreditar que muito pode ser feito por aquelas que precisam, seja uma palavra amiga, uma orientação, uma indicação. Meu sonho é que um dia todos os hospitais públicos e particulares do Brasil tenham condições reais de atender prontamente e com eficácia quem os procura e que os médicos estejam aptos a fazer diagnósticos precisos e corretos, minimizando assim a dor e o longo sofrimento dessas mulheres.
Claudia Vasconcellos Voltar |